Sessão Literatura Criminal

  • 19:02
  • 12 setembro 2016
  • Oi gente....Ler meus livros de suspense, de crime e de mistério é um passatempo maravilhoso. Então pensei em dividir com vocês algumas leituras do gênero que me agradaram nos últimos meses e por isto criei este post "Sessão literatura criminal".

     Uma delas é “Boneco de Neve”, do escritor norueguês Jo Nesbo. A obra é o sétimo da série do detetive Harry Hole e fez o autor ficar famoso no mundo todo. Vendeu mais de 20 milhões de cópias.

    Neste livro, Harry se depara com um psicopata que antes de matar suas vítimas, faz um boneco de neve em frente à casa delas.

    Narrado em terceira pessoa, o autor nos leva por labirintos e cada vez que você pensa que descobriu o criminoso você leva uma rasteira. É um suspense eletrizante, impossível de ser deixado de lado. É um daqueles livros que gruda na sua mente e que mesmo quando você está fazendo outra coisa ainda está tentando desvendar quem é o assassino.
    Páginas: 420
    Editora: Record
    Estrelas: 5

    A Garota no Trem” de Paula Hawkins foi emocionante da primeira a última página. O livro narra a história de três mulheres: Rachel, Megan e Anna. Rachel, a personagem principal, é divorciada, bêbada, todos os dias pega o trem para Londres e neste trajeto observa as pessoas que estão em suas casas. Os mais observados são Jess e Jason e para ela o casal é perfeito. Eles moram perto da casa onde Rachel vivia com o ex-marido que agora está casado com Anna e tem uma filhinha chamada Eve.

    Um dia Rachel chega em casa machucada, mas ela não sabe o que aconteceu. Ela tem lapsos de memória por causa da bebida. Horas depois, ela fica sabendo que Jess desapareceu. A partir dai a trama toma um rumo surpreendente com personagens bem reais, que apanham, levantam e apanham de novo. Caem e persistem no erro. O livro é um thriller emocionante e prende a atenção do leitor do começo ao fim. Existe um momento que você chega a ficar tão impregnada pela depressão de Rachel que você pensa em deixar o livro de lado.  Ela não consegue parar de beber e de ligar para o Tom. Vai dando uma irritação terrível. Você se coloca no lugar dela e dá uma aflição, um sentimento de perda e impotência. Um livro sensacional e que vale a pena ser lido.
    Páginas: 378
    Editora: Record
    Estrelas: 4

    O livro “A Verdade sobre o Caso de Harry Quebert” do suíço Joel Dicker chamou a atenção dos leitores do mundo todo. Conta a história de um jovem escritor, Marc Goldman,  que após fazer muito sucesso, virar um frequentador assíduo de festas e namorar várias mulheres perde a inspiração e não consegue escrever uma linha de seu novo livro. Para tentar recuperar a habilidade da escrita ele resolve visitar seu antigo mestre.

    Enquanto ele está na casa de Harry Quebert descobrem no jardim dele o corpo de uma menina desaparecida há anos. Nola é encontrada com as cópias do exemplar do único livro publicado por Harry.

    Goldman começa então a investigar o caso e o livro mescla passado e presente. Harry assume que teve um caso com a adolescente, mas garante que não a matou. Goldman vai viver um dilema: publica o livro contando o drama do amigo ou respeita sua privacidade?

    Um livro gostoso de ler, mas não tem o mesmo suspense dos livros anteriores. Está evidente que Dicker bebeu na fonte de Lolita de Vladimir Nabokov, mas não conseguiu empregar a mesma genialidade do escritor que criou um clássico da literatura mundial. Como diversão, vale a pena ser lido.
    Páginas: 576
    Editora: Intrínseca
    Estrelas: 3

    Estas são minhas dicas, caso você queira fazer uma Sessão de leitura criminal no seu final de semana. Você tem alguma dica para mim? Se tiver deixe nos comentários. Paz e beijos .

    Michel Yakini Fala da Importância dos Saraus na Periferia

  • 19:37
  • 09 setembro 2016
  • Michel Yakini autografando seus livros

    A escrita, o futebol, o sarau são algumas das paixões do escritor, produtor cultural e educador Michel Yakini que lançou em 2007 o sarau Elo da Corrente, em Pirituba. Nesta entrevista por e-mail para o blog Livro sem frescura ele fala de suas paixões, da falta de reconhecimento do negro na literatura e dos escritores que inspiram sua carreira literária.

    Paixão pela literatura
    "Cresci em uma casa que não havia livros. A palavra versada sempre foi mais presente, nas cantigas de terreiro que acompanho desde miúdo, nas rodas de capoeira e de samba que acontecem no meu bairro e por ficar enamorado com as rimas do rap na adolescência, ouvindo e copiando as letras. A primeira literatura que tive contato foi com minha irmã mais velha que, quando começou a trabalhar, comprava revistas de H.Q, principalmente de terror e humor e me emprestava."

    Gibis e família
    "Eu me lembro também de um tio que era colecionador das revistas da Turma da Mônica e da Placar, e essas publicações foram chave pra minha formação como leitor.
    Eu me interessei pelos livros a partir dos 16 anos, por influencia do movimento punk, que acompanhava com meus amigos, lia os fanzines e livros que falavam de anarquismo. A ficção veio depois, com os clássicos do vestibular e quando conheci a literatura dos escritores e escritoras da periferia, aí me identifiquei e comecei a escrever também."

    Sarau Elo da Corrente
    "Em 2005 retornei a São Paulo depois de morar em Curitiba e retomei um programa que fazia na rádio comunitária do meu bairro. Esse programa era chamado "Voz da Periferia" e eu fazia em parceria com escritora Raquel Almeida (na época ela cantava rap), mas nós já estávamos antenados na cena dos saraus e da literatura nas bordas da cidade, porque também escrevemos e a intenção era fazer algo no bairro, pra além da rádio. Já conhecia pessoalmente o escritor Alessandro Buzo e a escritora Elizandra Souza e eles sempre falavam da Cooperifa. Quando visitamos o sarau da Cooperifa, em 2006, viemos pra casa com a sensação de que era isso que queríamos fazer em nosso bairro."

    Começo do Elo da Corrente
    "Nós começamos em junho de 2007, e no primeiro encontro convidamos as pessoas da nossa comunidade, em Pirituba, as que a gente sabia que faziam versos, rimas e contavam histórias. Nessa noite foi o lançamento do meu primeiro livro e por isso os familiares também compareceram em peso. As pessoas ficaram perguntando quando seria o próximo e resolvemos fazer semanalmente, algumas pessoas continuaram, outras nunca mais vieram e muitas outras chegaram. Desde 2011 o sarau acontece mensalmente, no bar do Santista."

    Literatura no Brasil
    "A literatura não faz parte do projeto de "desenvolvimento" do país. Os casos recentes mostram que, na fala de gente influente, artista virou sinônimo de vagabundo, um departamento do Ministério da Cultura ligado ao livro e a leitura foi desmantelado, e a Flip foi contestada, principalmente pelas escritoras negras, porque sempre convida o mais do mesmo. O mercado editorial brasileiro, de acordo com uma pesquisa da professora Regina Dalcastagné da UNB, não valoriza a diversidade de escritores e escritoras do país, mantendo e premiando publicações que atendem a um perfil autoral bem definido, que na média são homens, brancos, dos grandes centros, graduados e da classe média, referendados por uma crítica que pouco se interessa por outras vertentes e que detém o carimbo exclusivo da "qualidade literária".

    Viver de literatura
    "São poucos artistas que vivem de literatura, é fato, mas isso não é um caminho natural, boa parte desse efeito se deve a um mercado literário inacessível e conservador e as politicas culturais que não priorizam a formação de leitores e a valorização de quem escreve."

    Livro "Crônicas de um Peladeiro" e a paixão pelo futebol
    "Foi a junção de duas paixões, futebol e literatura. Esse encontro aconteceu pela linguagem e pela memória. O futebol pode ser visto como arte, como prática criativa, cheia de poesia, pois movimenta o imaginário de quem gosta e essa poesia mora principalmente nos campos de várzea, no futebol de rua, no sonho da molecada e aí a memória foi o alimento principal. O livro é uma junção de crônicas que passeiam por esse universo alternativo do futebol, mas também de textos que privilegiam as entrelinhas dos grandes jogos."

    Amigos e as crônicas
    "A preparação da obra foi em diálogo com grandes escribas que dedicaram suas palavras pra escrever sobre futebol, como Mário Filho, Cidinha da Silva, Eduardo Galeano, Paulo Mendes Campos, Marco Pezão e Tostão".

    Inspiração
    "Gosto de ler pela manhã, sinto que a leitura fica mais leve quando acordo, gosto que a primeira prosa do dia seja com os livros, com a trama de um conto, de um romance, ou no mergulho de um poema. Escrever normalmente acontece ao longo do dia, no computador, assim que escrevo as crônicas que publico e preparo meu próximo livro. Antes de dormir tenho costume de escrever a mão, num caderno que reúne textos que dizem sobre o que der vontade naquela noite, quase nunca revisito esse escrito à mão, é mais pra exercitar mesmo. Já o texto do computador passa por várias versões e impressões e correções antes de ser publicar ".

    Escritores mestres

    Escritora Conceição Evaristo é fonte de inspiração
    "A escritora que mais tenho lido ultimamente é a Chimamanda Adichie, nigeriana, gostei muito de ler seus romances 'A cor do hibisco', "Americanah" e seu livro de contos "Aquela coisa a volta do seu pescoço" e agora estou começando "Meio sol amarelo". Leio  João Antonio, Conceição Evaristo, Dinha, Allan da Rosa, Akins Kinte, Saramago, Pepetela, Ondjaki, Ana Paula Tavares, Toni Morrison, Alice Walker, Plínio Marcos, Manoel de Barros, Lima Barreto, Machado de Assis, João do Rio, gente que acompanho a obra e vira e mexe tô lendo".

    Jovens e a literatura

    Michel Yakini na feira do livro do México
    "Essa é uma pergunta que me faço toda as vezes que visito uma escola, uma unidade da Fundação Casa, uma biblioteca e quando leio com a minha filha. Um caminho é não separar a literatura da vida, como se fosse algo que só pode ser feito em silencio, de cabeça baixa e acompanhado de um defunto. Literatura pode ser em voz alta, com o corpo, pode ser jogando, pode ser cantada, pode ter cheiro e sabor, pode ter identidade, pode ser com gente viva, isso movimenta nosso interesse, não só dos jovens, mas de muitos adultos que ainda não despertaram o prazer por leitura".

    Saraus


    "Os saraus são espaços de livre expressão, são lugares de experimentação de linguagem e isso faz a gente mudar nossa posição em relação ao mundo. Os saraus mudam nossa respiração, nossa postura corporal, faz a gente olhar menos pro chão e mirar mais horizonte. Acho que antes de se interessar pela participação nas causas sociais, o que também acontece de monte, as pessoas que participam dessas rodas cutucam a si mesmo, transformam suas paredes em janelas e recitam poemas pra vizinhança que acabou de abrir uma janela nova dentro de si e quer recitar pra você também".

    Futuro literário
    "Estou trabalhando no meu novo livro, um romance intitulado "Nascentes de Mel", e batalhando editora pra publicação. Tenho alguns eventos marcados em escolas e centros culturais, não há previsão de chegar no interior, mas será um prazer conhecer Ribeirão Preto e a região, espero que pinte uma oportunidade, sei que a cidade tem alguns eventos literários e uma feira, quero estar com vocês em breve".

    (Originalmente publicado no ACidade ON)

    Livros para Entender a Independência do Brasil

  • 19:28
  • Dom Pedro I dividido entre 2 mulheres
    Sexo, traição e morte fazem parte do processo de independência do Brasil. Dois livros destacam esta época da nossa história de uma maneira “gostosa”.
    Você começa a leitura e não consegue parar  porque se encanta com a maneira descontraída usada pelos escritores para falar de um assunto que para muitas pessoas é muito chato.
    Em um dos livros você se depara com as loucuras de Dom Pedro e sua amante a marquesa de Santos. Ao mesmo tempo é impossível não ficar indignada com o sofrimento que o príncipe regente causa a princesa Leopoldina.
    Estou falando de “A Carne e o Sangue – a Imperatriz D. Leopoldina, D. Pedro I e Domitila, a Marquesa de Santos” da historiadora Mary Del Priore.


    A obra narra a vida complicada de Dom Pedro, um homem apaixonado pela decidida e fogosa Domitila, mas casado com a princesa generosa, inteligente e triste Leopoldina. Sem saber o que fazer da sua vida amorosa, ele teve que decidir os rumos da politica brasileira.



    O outro livro é “1822”e faz parte da trilogia escrita pelo jornalista Laurentino Gomes formada pelos títulos “1808” (vendeu mais de um milhão de exemplares em todo o país) e “1889”.
    Em “1822” você vai descobrir que aquela historinha cochichada pelos alunos  na aula de História do Brasil é verdadeira. Dom Pedro não estava em um cavalo maravilhoso quando gritou “Independência ou Morte”. Ele estava com dor de barriga acompanhado de uma “bela besta baia” e coberto pela lama e poeira da estrada, idêntico a qualquer cavaleiro que enfrenta a estrada.
    Dois livros imperdíveis para você entender a Independência do Brasil e ainda se divertir muito com nossas peripécias históricas. Bom feriado.

    (Originalmente postado no A CidadeOn)

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