O Que Você Faria se uma Pessoa Amada Voltasse dos Mortos?

  • 12:26
  • 30 novembro 2015
  • Você está em casa lamentando o desfecho da sua vida. Seu único filho morreu afogado ainda menino e depois disso tudo perdeu o colorido. Alguém bate na porta, você levanta e vai abrir.
    Você se depara com o seu filho menino depois de 32 anos da morte dele. Você já pensou nesta cena? O garoto corre para os seus braços. O que você faz? Abraça  e beija? Fica assustado por que não acredita em milagres? Qual seria a sua reação?



    Lucille abraça o filho Jacob


    Este é o tema do livro Ressurreição, de Jason Mott, um escritor norte-americano. Nesta obra, pessoas que já morreram começam a surgir do nada e a procurar os seus parentes.
    São filhos, mães, mulheres, enfim, seres que retornam e encontram um mundo diferente daquele que elas o deixaram quando partiram rumo a morte.
    Começa então o dilema do ser humano. Alguns acreditam que eles são seres diabólicos porque os mortos não retornam a vida.
    Outros recebem seus ex-mortos com muito carinho e dão graças a Deus pela dádiva.
    O governo quer interferir porque se todos os mortos ressuscitarem como abrigar a todos?

    Ressurreição é o primeiro livro de Jason Mott


    Eu não consigo acreditar que são seres diabólicos. Se por acaso minha mãe e meu pai retornassem a vida eu gostaria de abraçá-los, beijá-los e aproveitar cada minuto deste milagre. 
    E você faria o que? O livro nos faz pensar sobre a precariedade da vida e como nós encontramos problema em tudo ao invés de encararmos o lado bom da nossa existência.

    Série na TV

    Série teve duas temporadas
    Além do livro, a rede ABC de Televisão também lançou uma série baseada na história com algumas diferenças no roteiro. Ao contrário do livro, que o fenômeno se passa no mundo inteiro, na série eles focalizam Arcádia, uma cidade do interior dos Estados Unidos. No primeiro capítulo o agente de imigração J.Martin Belamy leva  Jacob Langston para encontrar os pais Henry e Lucille. Foram duas temporadas apenas de uma série que valia a pena ter continuação.

    A História de um Menino Gago que se Tornou um Rei

  • 12:48
  • 24 novembro 2015
  • Um menino que sempre viveu a sombra do irmão mais bonito, comunicativo e apoiado pelo pai. Canhoto, ele foi obrigado a fazer tudo com a mão direita.
    Filho de um casal rico, Albert  e o irmão bonitão viviam sob os cuidados de um professor que não fez questão de desenvolver nos garotos amor pelos estudos.
    Albert além de não se sentir bonito e inteligente ainda desenvolveu um problema que atrapalhava ainda mais sua vida. Ele era gago e por isto preferia ficar calado quando estava perto das pessoas.
    Este menino precisa superar seu sentimento de inferioridade, sua timidez, seu pavor de falar em público para assumir os negócios da família.
    Esta não é a história criada por um escritor. Esta é a vida de Bertie, ou do rei George VI, pai da atual rainha Elizabeth II que foi levada ao cinema e também descrita no livro "O Discurso do Rei".



    Rei George VI

    Nesta resenha vou mostrar a vocês o que o filme não revelou e para mim é a parte mais bonita da história. Ela mostra a união de um especialista em voz com um homem decidido a se curar.
    Lionel Logue nasceu na Australia e cresceu em uma família feliz. Ele descobriu sua paixão pelo funcionamento da voz muito cedo e se especializou no assunto, numa época em que o rádio nascia e que era importante as pessoas terem uma boa dicção quando falavam em publico.
    Em uma viagem de trem Logue percebeu que um soldado a sua frente tinha dificuldade para falar e pediu a ele que o procurasse no consultório.Com exercícios respiratórios e uma terapia emocional o rapaz voltou a conversar e falou sem parar durante três semanas. Quando os amigos o mandavam ficar quieto ele dizia: estou tirando o atraso.


    Logue e Mirtle


    Enquanto Logue tinha uma vida feliz, Bertie sofria. Quando a avó fazia aniversário, ele e os irmãos eram obrigados a decorar textos de Goethe e a recitar em público para ela. Os irmãos se saiam bem. Bertie fazia feio e virava chacota dos convidados.
    Aos 13 anos, ele foi mandado para o colégio interno e virou alvo de bullying. Foi apelidado de sardinha porque era muito magro. Seu desempenho escolar não era dos melhores. Em uma classe de 68 alunos, ele ficou com uma média, que o colocava em 68.
    O menino cresceu e se apaixonou por Elizabeth, a quem nos conhecemos  como rainha mãe. Com medo de gaguejar na hora de pedi-la em casamento ele encarregou um amigo de fazer o pedido que foi recusado. Então, ele superou a vergonha e mesmo gaguejando a pediu em casamento.

    Rei George VI e a rainha Elizabeth I 


    Após se casar ele conheceu Loguie e com o apoio da mulher começou a se tratar. Na primeira consulta Loguie disse a ele que o problema era físico. Que ele precisava aprender a respirar, a controlar o diafragma, a não travar a boca, a trocar palavras difíceis dos textos por outras mais fáceis e a exercitar a língua para conseguir falar direito (O que chamamos de trava línguas)

    Bertie então começa a fazer exercícios em todos os momentos que tem de folga das suas atribuições oficiais. Após meses de treinamento começa a falar em público sem grande constrangimento, mas ainda com muito medo.

    Em 1936, o pai de Bertie, o rei morre. Interessante saber que ele morreu após o medico dar a ele uma injeção de morfina com cocaína para amenizar o sofrimento e ao mesmo tempo para fazer com que a morte saísse na edição matinal do The Times e não em jornais inapropriados.

    Quem deveria assumir o trono era o irmão bonitão, conhecido como o príncipe Dourado. Eduard que sempre gostou de mulheres casadas. Após assumir o trono ele não queria ficar longe da sua paixão uma americana casada e deixou o cargo de rei para viver este grande amor.

    Eduardo VIII e Wallis Simpson 

     Sobrou para Bertie, o tímido, aquele que sofria, tremia, não dormia quando tinha que falar em público, assumir o trono da Inglaterra. Suas responsabilidades aumentam e seu nervosismo também, o que dificulta a fala. Loguie entra mais uma vez em ação e o rei trabalha como nunca para ter confiança e fazer o discurso de coroação. A partir dai você vê no filme e no livro o esforço de um homem para fazer os discursos na rádio durante a segunda guerra mundial e durante o Natal. Esta é a história do discurso do rei? Não, esta é a história de um homem que a vida fez rei e que precisou superar todos os seus problemas para conseguir desempenhar o seu cargo como homem. Uma história de superação.

    Os Treze Porquês

  • 12:14
  • 17 novembro 2015

  • A cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo. Um relatório da Organização Mundial da Saúde aponta que o suicido é a segunda causa de morte entre os jovens.
    Um ato de coragem ou de covardia? O que justifica você tirar a própria vida?
    Eu não sei e prefiro não julgar, mas é um assunto que me assusta e por isto demorei a fazer a resenha do livro “Os Treze Porquês”, de Jay Asher, que conta a história de uma adolescente que se mata tomando remédios. A obra, publicada em 2007, já vendeu mais de um milhão de exemplares e pode virar série da Netflix.


    O assunto me preocupou ainda mais este ano quando um adolescente da escola da minha filha se suicidou e a atitude dele abalou a todos. Pelos comentários, era um menino alegre e amado pela família e amigos, mas devia trazer uma tristeza muito grande dentro do coração que não foi percebida pelas pessoas que conviviam com ele.


    Escrevendo esta resenha sinto o meu coração apertado e entro em alerta. Não sabemos o que se passa na cabeça dos filhos, dos amigos, enfim de ninguém. Uma pessoa pode estar sofrendo e na correria do dia a dia não percebemos. Quando acordamos esta pessoa querida pode estar morta porque não suportou enfrentar as frustrações da vida.


    No nosso livro, Hannah Baker é uma adolescente que se mata e deixa treze fitas cassetes que devem ser entregues a “amigos”. Cada um deles teve uma participação na decisão dela de ir ao encontro da morte. Após ouvir as fitas, a pessoa deve repassá-las ao próximo da lista. Você acompanha quando estas gravações chegam as mãos de Clay Jansen, um menino que foi apaixonado por Hannah e o desespero dele ao ouvir as palavras da jovem que ele amou.


    Ela expressa sentimentos como este: “Eu me sinto simplesmente vazia. Simplesmente nada. Não me importo mais”, ou como esta,  “Preciso que tudo pare, as pessoas, a vida”.


    Após terminar o livro fiquei muito mal e com medo, porque tenho uma filha adolescente que começou agora a sofrer as pressões de uma nova escola e dos anos que precedem o vestibular. Hoje, estou muito mais atenta as atitudes dela. O livro é uma verdadeira reflexão sobre a vida e como você deve estar atento aos sentimentos que estão no fundo da alma das pessoas que lhe são mais queridas. Não é uma leitura fácil, mas eu recomendo.

    Passarinha - Kathryn Erskine

  • 12:18
  • 12 novembro 2015
  • Eu sempre fico pensando em como é frágil a vida cada vez que ouço ou assisto uma reportagem falando a respeito de algum massacre em escolas ou lugares públicos.
    Fiquei verdadeiramente apreensiva em 2007, quando um estudante coreano entrou na universidade estadual da Virginia às sete horas e matou duas pessoas.
    Na época, o  reitor da universidade não comunicou o fato ao restante do campus porque acreditou que ele havia fugido.
    Isto não aconteceu e duas horas depois Cho Seung Hui  invadiu o prédio da Engenharia matou mais 30 pessoas e se matou. Enquanto ele atirava, mandou para as redes de televisão imagens onde ele aparecia armado.


    Foi o maior massacre já visto em escolas em toda a historia dos EUA. Estes fatos nos ficamos sabendo pela mídia, mas o que aconteceu com a vida das famílias que perderam seus filhos, pais e mães nesta tragédia?
    A mídia noticia apenas a história do momento, mas não as marcas deixadas por ela.
    O livro Passarinha é baseado nesta história e mostra a vida de uma família após perder o filho assassinado em uma escola. Não é um fato verídico, apenas um pano de fundo para a história.

    Síndrome de Asperger


    Caitlin tem 10 anos e tem a Síndrome de Asperger, uma forma mais branda de autismo. Ela não consegue se relacionar com as pessoas, tem fixação por determinados movimentos, não fixa o olhar. Quem tem este distúrbio também costuma ser muito inteligente  em determinadas áreas como Matemática e música.
    A nossa personagem gosta de desenhar e acredita que é a melhor desenhista do Estado da Virginia.

    Os melhores amigos dela são o dicionário, o computador e a tv. A cor preferida é a roxa.
    Ela também escreve as palavras que gosta com letra maiúscula e vive chupando a manga da camisa.
    O irmão dela, Devon, foi morto na faculdade por um atirador e ela sabe que ele morreu, mas não entende completamente o significado desta realidade.
    Caitlin mora com o pai, porque também perdeu a mãe. Devon a ensinava a fazer tudo. Ele dizia como ela deveria se comportar, se vestir e olhar as pessoas.
    Junto com o pai ele fazia um armário para dar a turma de escoteiros. Mas depois da morte dele, o pai não quer mais fazer o armário e trancou o quarto do filho para ninguém entrar. Caitlin também o surpreende várias vezes chorando.
    Ela não compreende a atitude do pai e sofre muito. Na escola ela conversa com a senhora Brooks uma psicóloga que tenta ajudá-la  a entender esta perda e fala para ela sobre a necessidade de fazer amigos.
    Caitlin também quer auxiliar o pai a superar o Dia em que a Nossa Vida Desmoronou, frase que ela usa sempre que lembra do irmão morto ou quando percebe que o pai está sofrendo pela perda do filho o que acontece quase todos os dias.
    Eu me emocionei várias vezes durante a leitura. Caitlin é bem inocente e muita gente pode achar a história simples, mas para mim ela foi comovente.
    Você também fica sabendo sobre a síndrome de asperger e as características das pessoas que sofrem deste malo e como compreendê-las.


    Sol É Para Todos

    Este livro também faz referência ao livro O Sol é Para Todos de Harper Lee que narra a historia de um advogado branco que defende um negro acusado injustamente por um crime.
    Caitlin, assim como Sarah Nelsonde Claros Sinais de Loucura já assistiu ao filme, estrelado por Gregory Peck, baseado no livro, várias vezes. Ela também tem paixão por Aticus Finch e quer ser a filha dele Scout.

    Notas

    Nota para capa:
    10 – amo esta capa e esta menina  encolhidinha. Quando Caitlin está triste ela vai para o quarto de Devon, se enrola em uma colcha e fica deitada encolhidinha debaixo da cama dele.

    Personagem preferido:
    10 – No livro a gente está na cabeça de Caitlin. A gente sabe tudo o que ela pensa porque ela é a narradora. Em sua simplicidade de criança Caitlin nos faz entender que é preciso ter compreensão com todas as pessoas independente da maneira como elas agem. Compreensão pode evitar tragédias como a ocorrida na Universidade Estadual de Virginia.

    Enredo:
    10 – Narrado de uma forma simples a autora consegue mostrar a vida de uma criança diferente convivendo em um ambiente escolar e ao mesmo tempo mostrar como ela é compreensiva com quem a trata rispidamente, mesmo sabendo que ela vive um dos piores momentos da vida, que é a perda do irmão.

    Quem Escreveu


    Kathryn Erkine foi advogada durante 15 anos, mas largou a profissão para se dedicar a literatura. Seu primeiro livro foi Passarinha que já vendeu milhares de cópias em todo o mundo. Ela diz que escreveu o livro porque a filha tem Asperger e ela gostaria que a menina fosse entendida pelas outras pessoas.

    Lançamento em São Paulo

  • 10:08
  • 11 novembro 2015

  • O Livro "Não Espere Pelo Amanhã", da nossa diva Josy Stoque será lançado em São Paulo. A história da agente brasileira Evelyn Lacerda e do norte-americano Samuel Black é daquelas de arrepiar todos os pelos do corpo, mas todos mesmo.

    Um homem irresistível que faz Evelyn tremer de paixão. Ele também não aguenta ver a brasileira que sente o sangue correr nas veias com mais intensidade. Sempre que se encontram eles sentem faíscas, mas nem sempre elas podem ser contidas.

    Vale a pena resistir a esta paixão, ou é melhor Não Esperar Pelo Amanhã? O que você faria? Leia o livro e se inspire nesta história apaixonante.

    Quem está em São Paulo não pode perder este lançamento maravilhoso.

    A Hora da Estrela, de Clarice Lispector

  • 12:42
  • 09 novembro 2015

  • O livro narra a história de uma jovem nordestina, mas precisamente de Alagoas, que vem para o Sudeste em busca de uma vida melhor.  Este foi o último romance desta grande escritora e talvez o seu livro mais famoso. A obra foi adaptada para o cinema em 1984.


    No Rio de Janeiro, ela consegue um trabalho de datilógrafa. Para quem não sabe, antigamente existiam grandes escritórios que contratavam moças para redigir textos e mais textos na máquina de escrever. Era um barulho ensurdecedor.
    O livro é narrado por um homem, como se ele fosse o escritor e não Clarice Lispector. Na dedicatória ele escreve: “sei que há moças que vendem o corpo, única posse real, em troca de um bom jantar em vez de um sanduíche de mortadela. Mas a pessoa de quem falarei mal tem corpo para vender, ninguém a quer, ela é virgem e inócua, não faz falta a ninguém”.


    Ele se refere a Macabea que foi abandonada pelo namorado Olímpico de Jesus. Ele a trocou por uma moça que tem melhor condição financeira do que ela. O único luxo dela era tomar um gole de café antes de dormir e no domingo acordar mais cedo para ficar mais tempo sem fazer nada.
    Ser traída e abandonada não é fácil. Passa pela cabeça milhares de sentimentos e um deles é você se sentir um verdadeiro lixo e querer saber o porquê da traição.
    Imagina ser deixada por outra com a justificativa de que ela tem mais dinheiro? Neste dilema, Macabea se acha incompetente para a vida. E você ao mesmo tempo reflete: será que também sou incompetente para a vida?


    A partir desta decepção amorosa Macabea começa a mostrar seu sofrimento mais íntimo e o leitor acompanha todos os pensamentos da jovem desiludida.
    Livro triste e que tem passagens como esta de doer o coração: “era hoje o fantasma suave e terrificante de uma infância sem bola nem boneca”. Como não gostar de uma obra que nos leva para os sentimentos mais profundos da alma. Como dizia Clarice, quando falavam que sua literatura era difícil: “Tem gente que cose para fora, eu coso para dentro”.

    Em Pauta o Livro: O Cortiço de Aluísio de Azevedo

  • 12:57
  • 05 novembro 2015
  • Vizinhos oriundos de Portugal não aguentam mais viver ao lado de um cortiço de casas construídas pelo português João Romão, que também é dono de uma taverna e age como um capitalista explorador das pessoas humildes e à noite furta os tijolos dos vizinhos.

    O comerciante português Miranda já cansou de reclamar do “chiqueiro” do cortiço. Ele casou com Estela,  filha de um homem rico,  e por isto é obrigado a aguentar as traições dela e é chamado de chifrudo por todos os vizinhos. Ele também é pai de Zulmira, com quem João pretende se casar um dia.

    Miranda mora no sobrado e João Romão no cortiço o que mostra a diferença social entre os dois portugueses.

    Romão é ambicioso e não mede esforços para conseguir subir na vida. Além de explorar os mais necessitados ele traz para o seu lado Bertoleza, uma escrava fugida. Ela guarda há anos dinheiro para comprar a sua alforria e o entrega a Romão. Ela é um faz tudo no lugar e trabalha igual um burro de carga. Também não se recusa a servir a Romão na cama.

    No cortiço carioca, moram pessoas de todas as raças e com anseios sexuais a flor da pele. Uma delas, é Rita baiana, mulata fogosa que quer levar os homens a loucura com suas pernas bonitas e um jeito estonteante de dançar, é a típica mulata brasileira. Ela namora o mulato e capoeirista Firmo.

    Rita Baiana não pensa em se casar, para ela, casamento coloca as mulheres em cativeiro e ela prefere ter um amor por ano.

    A negra chama a atenção do português Jerônimo que trabalha na pedreira e é casado com Piedade. De tanto conviver no cortiço o bom português se tornou preguiçoso e agora não quer mais saber de trabalhar e está prestes a largar da mulher porque caiu de amores por Rita que fica dividida com qual homem vai ficar: o brasileiro Firmo ou o português Jerônimo.

    Rita representa a mulher independente. Já Bertoleza e Piedade são as mulheres exploradas, a mulher objeto.

    Já Pombinha, a única mocinha que sabe ler no lugar, é admirada e respeitada por todos. Ela lê os jornais, escreve cartas para todos e por isto ganha presentes. Ela  frequenta as missas no final de semana. Quem a vê nos trabalhos religiosos não imagina que a menina mora em um cortiço e que apesar de ter 18 anos espera ansiosamente pela menstruação. O assunto tão íntimo é discutido nas rodinhas do cortiço.

    O escritor Aluísio Azevedo que escreveu sobre o lugar em 23 capítulos de um livro do gênero naturalista, compara o cortiço a uma floresta e narra como este organismo vivo vai crescendo e entranhando na vida das pessoas como ervas daninhas mudando o seu caráter e as levando a degradação.

    Ele escreve a obra com rigor cientifico mostrando a influencia do meio na relação e na vida das pessoas.
    Também diz que os brasileiros são seres inferiores que levam os portugueses, uma raça superior, para o mau caminho. É o famoso complexo de vira lata  que ainda temos até hoje, de achar que o que vem de fora é melhor do que o que foi criado aqui.


    O incrível da obra é percebermos que 150 anos depois ainda encontramos cortiços em todas as cidades. Pessoas vivendo em degradação humana, sendo exploradas e marginalizadas. A obra de Aluísio  de Azevedo é mais atual do que nunca.

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